A Luta Contra o Aedes

A Luta Contra o Aedes

Dizem que, na mitologia grega, a Hidra de Lerna era uma criatura quase invencível: para cada cabeça cortada, duas nasciam em seu lugar. Assim também parece ser o mosquito Aedes aegypti, vilão moderno da saúde pública, multiplicando-se nas sombras dos descuidos urbanos. Em Guaxupé, porém, 2025 marca um raro momento em que o herói vence a besta – pelo menos por enquanto.

Como um Saci que some e aparece quando menos se espera, o mosquito da dengue há tempos inferniza as cidades brasileiras. Suas vítimas adoecem em silêncio, como se uma maldição invisível pairasse no ar úmido e quente das estações tropicais. Mas, diferente das lendas antigas, essa ameaça tem solução – e não exige poções ou feitiços, mas ações práticas e, acima de tudo, coletivas.

Guaxupé mostrou que a união entre comunidade, governo e ciência pode ser mais poderosa do que qualquer encantamento. Os mutirões, as tendas de atendimento, a vigilância firme e os agentes de saúde, que cruzam as ruas como modernos guerreiros, são os heróis dessa história. Como Perseu que decapitou a Medusa com estratégia e coragem, a cidade enfrentou a dengue com informação, estrutura e participação popular.

Ainda assim, não se pode cantar vitória. Basta um pingo d’água para que o ciclo recomece. A complacência é o cavalo de Troia que abre as portas para o retorno do inimigo.

Não é hora de dormir nos contos de fadas. Todo vilão derrotado pode voltar com mais força se esquecermos o que aprendemos. E nesse enredo, cada cidadão é protagonista. O verdadeiro amuleto contra a dengue está nas mãos de todos: uma tampa bem colocada, uma calha limpa, um gesto de atenção.

Guaxupé nos oferece uma lição digna de ser registrada nas lendas do cotidiano: quando o povo se engaja, até os monstros mais persistentes recuam. Mas para que esse final feliz se sustente, é preciso escrever novos capítulos todos os dias, com a tinta da vigilância e o papel da responsabilidade.