Câmara de Bariri segue relatório de Aline Prearo e CP que pode cassar Myrella Soares entra em fase de oitivas; Opinião popular “massacra” vereadores nas redes sociais

Câmara de Bariri segue relatório de Aline Prearo e CP que pode cassar Myrella Soares entra em fase de oitivas; Opinião popular “massacra” vereadores nas redes sociais

“Infelizmente querem derrubar meu mandato a qualquer preço. Não importa se sou culpada ou não. Posso argumentar, provar e etc que vão querer me derrubar, isso é nítido. Com uma denúncia infundada, arquivada pelo Judiciário, mesmo assim se sentem no direito de julgar baseados naquilo que lhes for conveniente. Já dizia o ditado: Nunca valemos nada na boca de quem não presta.” – Vereadora Myrella Soares (União Brasil).

Um massacre on-line. Essa expressão é capaz de definir a massa da opinião popular baririense, em relação aos seis vereadores que escolheram seguir com os trabalhos da Comissão Processante (CP), que investiga suposta quebra de decoro parlamentar contra a vereadora Myrella Soares. 
Por seis votos contra três, a CP segue agora para a fase de oitivas de testemunhas. Apenas Leandro Gonzalez (Avante); Rubens Pereira dos Santos (PSD) e a suplente de Myrella pelo União Brasil, Ivani Maria, votaram pelo arquivamento da CP.
Por outro lado, Ricardo Prearo, Daniel de Madureira, Laudenir Leonel, Roni Romão e Gilson de Souza Carvalho, acompanharam o relatório de Aline Prearo (Republicanos), que cravou parecer favorável pela denúncia protocolada por sua suplente de partido: Valentina de Fátima João Navarro, a Valentina da Ambulância. 
Valentina acusa Myrella de usurpar funções de chefia na Diretoria de Saúde, receber por horas extras não trabalhadas e perseguição política. A denúncia que deu origem à CP foi protocolada após um episódio registrado na primeira semana de janeiro: ao ser transferida de função pela então diretora de saúde Ana Paula Falcão, Valentina adentrou a sala de Myrella no Soma 1 e a agrediu com socos, pontapés e ofensas verbais. A motorista relacionou a transferência à uma suposta perseguição política de Myrella, que nega.
Myrella registrou o boletim de ocorrência na Polícia Civil de Bariri e entrou na Justiça para obter proteção contra Valentina. O Poder Judiciário acatou o pedido e emitiu medida protetiva, impedindo Valentina de se aproximar de Myrella e de repartições públicas, como o Paço e Câmara Municipal. 

 

Parecer do Ministério Público e Tribunal de Justiça é novamente ignorado pelos vereadores

No âmbito do Poder Judiciário, a denúncia de Valentina não surtiu o mesmo efeito que no Legislativo. O Ministério Público do Estado de São Paulo, através do Promotor de Justiça dr. Nelson Aparecido Febraio Junior, enviou à Câmara Municipal de Bariri um documento intitulado “Promoção de Arquivamento”. O ofício de 09 páginas alega que a Promotoria apurou a narrativa descrita por Valentina, classificando os argumentos da denunciante como “infundados” e solicitando o imediato arquivamento.
Para apurar o caso, o MP convocou a ex-diretora de Saúde, Ana Paula Falcão, para uma oitiva no Fórum. Na promotoria, Ana Paula alegou que Myrella permaneceu exercendo sua função de “assistente administrativa” na Saúde Municipal, a mesma função que exercia no Banco do Povo. Por conta da alta demanda da Saúde, Myrella precisou trabalhar aos finais de semana para fazer diversos tipos de levantamentos solicitados por Ana Paula – fator que justifica o pagamento de horas extraordinárias. 
Segundo o Ministério Público, Valentina será investigada por “comunicação falsa de crime”, por ter apresentado “fatos de que tinha absoluta ciência da inexistência (advocacia administrativa), com nítido propósito de continuar praticando atos de violência contra a mesma vítima que outrora agrediu covardemente”. A Polícia Civil de Bariri foi oficiada para apuração deste suposto crime praticado por Valentina.
O Juiz de Direito dr. João Pedro Vieira Dos Santos, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Foro de Bariri), também se manifestou pelo arquivamento da representação contra Myrella acompanhando o MP.
Mesmo diante do cenário, os mesmos seis vereadores não consideraram o parecer de Dr. Nelson, tampouco a decisão do Juiz e o parecer da própria Câmara Municipal de Bariri, através do Procurador Jurídico dr. Pedro Carinhato. 

 

Relatora cita “teletrabalho” como principal argumento de investigação; tese foi investigada e derrubada pelo Promotor de Justiça


O relatório de 12 páginas de Aline Prearo tem como principal argumento o fato de Myrella ter recebido horas extras, ao atuar na modalidade teletrabalho. Para a relatora, o arquivamento da denúncia junto ao Ministério Público e Poder Judiciário “não encontra amparo jurídico nem afasta a obrigação constitucional e legal da Câmara Municipal de apurar fatos que, em tese, configurem quebra de decoro parlamentar” . O relatório cita que “o arquivamento pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário não vincula a Câmara”.
Em relação ao teletrabalho, Aline sustenta que a modalidade não é prevista na lei municipal, lembrando o Decreto n° 6.192/2025, instituído pelo prefeito Airton Pegoraro (Avante), em 15 de janeiro de 2025, que diz respeito à proibição de realização de horas extraordinárias para quaisquer setores da administração direta e indireta.

“A vereadora afirma ter cumprido a jornada em regime de teletrabalho. No entanto, conforme apontado, não há norma municipal que institua tal modalidade. Além disso, não há registro de portaria individual, termo de responsabilidade, nem sistema informatizado de controle de produtividade que justifique o pagamento das horas extras”, conclui Aline.


O argumento, contudo, já havia sido rebatido pelo Ministério Público, conforme trecho do parecer de arquivamento assinado pelo Promotor dr. Nelson Febraio.

“Foi esclarecido que Myrella prestou serviços em sistema de teletrabalho aos finais de semana, feriados e outros horários (...). Ao contrário do afirmado, não há proibição de horas extras no município. Mas apenas uma dependência de que seja requisitada pelo superior. De igual modo, a realização de horas extras em dias não úteis não é vedada pela administração pública e, ainda, não há vedação aparente ao teletrabalho. Até pelo que, se o teletrabalho foi autorizado pela chefe imediata a servidora subordinada só resta o cumprimento. E por tal, merece remuneração”, salientou a promotoria.

 

Myrella relembra baixa na Saúde e sugere suposta interferência em decisões de Pegoraro: “querem domar o chefe do Executivo”, dispara

Nas redes sociais, a vereadora Myrella Soares comentou o resultado da votação de segunda feira. Recebendo apoio de seus seguidores, Myrella fez um pronunciamento enfático, sugerindo até mesmo uma possível interferência em decisões tomadas pelo prefeito Airton Pegoraro (Avante).
Na sessão camarária, os vereadores que votaram pela continuidade da CP citaram Airton, dizendo que ele não teria autorizado a então diretora de Saúde, Ana Paula Falcão, a conceder atividades além do horário de expediente para Myrella, que geraram as horas extras.
Myrella pertence ao mesmo grupo político de Airton Pegoraro, mas o prefeito nunca se pronunciou publicamente sobre o assunto. 

“Querem minar o governo do prefeito eleito, usam de subterfúgios rasteiros, mentem, articulam, falam mal e corrompem as bases, depois estendem as mãos como sendo a solução para os problemas, mas no fundo o foco é poder. Querem domar o chefe do Executivo – e ai daqueles que eles entenderem como ameaça. A Saúde estava indo bem e, por acharem que eu estava me destacando ao ajudar a diretora, a inveja falou mais alto! Enquanto não a derrubaram não se deram por satisfeitos. Tanto que parte da denúncia pontua as reuniões e entrevistas da Saúde as quais participei sob ordens da direção. O recado é claro: ou se junta no grupinho ou tá fora”, escreveu Myrella.


Na sequência, a vereadora afirma que não joga o jogo político, por isso acabou na mira e diz que o grupo de vereadores segue “um mestre”, sem citar nomes. Ela finaliza agradecendo os votos de Leandro, Rubinho e Ivani. 

“Sigo de pé tranquilamente, mas não me vendo, não troco meus princípios. Eu incomodo porque não entro no jogo sujo da política; não aceito propina ou me rendo a subornos, negociatas e afins. Logo, não sou um perfil interessante de política – visto que não sou manipulável. Sou autêntica e faço do meu jeito. Estou ciente que existe o laço do passarinheiro, mas existe um Deus maior que tudo isso, maior que todos eles. Aliás terem que se juntar para bater de frente com uma mulher, só mostra o quão grande meu mandato se tornou, a ponto de incomodar várias estruturas. Mas enquanto o povo me quiser eu seguirei em frente, com a consciência tranquila. Até o próprio Jesus pode tentar argumentar com essa gente, que vão fingir que não entenderam e vão continuar seguindo o beabá do mestre – que nunca sabe de nada, mas está por trás de tudo, afundado em demagógica e hipocrisia. Perco meu mandato mil vezes, luto sozinha se for preciso, mas não farei parte desse grupo medíocre”, concluiu Myrella.

 

Próximos passos da CP

Agora em fase de oitivas de testemunhas, a Comissão processante formada por Leandro Gonzalez (presidente), Aline Prearo (relatora) e Rubens Pereira dos Santos (membro), convocará as testemunhas arroladas pela defesa de Myrella Soares para prestarem esclarecimentos em plenário.
A relatora da CP dispensou as testemunhas da denunciante (Valentina). Portanto, apenas as testemunhas da denunciada (Myrella) serão ouvidas. Confira abaixo as sete testemunhas arroladas pela vereadora:

- Ana Paula Rodrigues de Arruda Falcão: Ex-diretora de Saúde;
- Luciana Policarpo Viccari: Servidora municipal que atua no Setor de Cadastros como assessora especial;

- Jéssica Cristina de Moura Faitanin: Servidora municipal que atua no Setor de Saúde como coordenadora;

- Thiago Luppi Marques: Servidor municipal que atua no Setor de Saúde como agente administrativo;

- Daniela Silva Barbieri Musardo: Dentista chefe da Odontologia Municipal;

- Marina Prearo: Gestora da Santa Casa de Misericórdia de Bariri;

 - Gabriela Prado Rodrigues: Psicóloga e coordenadora da LAV (Lar Amor e Vida).