Feitiço quebrado
Durante quatro anos, Guaxupé foi cenário de uma epopeia que nem Homero ousaria escrever: a saga da gestão passada. Comandada por Dr. Heber, a cidade parecia viver um enredo trágico digno de Édipo − só que sem oráculo, sem herói e com um enredo onde tudo terminava... exatamente do jeito que começou: parado.
A Secretaria de Obras foi entregue a um major da Polícia Militar, num gesto que talvez buscasse inspiração nos espartanos. Pena que faltou apenas um pequeno detalhe: conhecimento técnico. Já no Planejamento e Urbanismo, um advogado tentou conduzir a cidade como quem redige petições − muita papelada, pouca entrega. Enquanto isso, Guaxupé esperava. E esperava. E esperava.
Mas, como diria qualquer contador de histórias folclóricas, todo feitiço tem um fim. E o feitiço da inoperância foi quebrado com a chegada de Jarbinhas ao comando da cidade. Em quase seis meses, Guaxupé parece ter saído diretamente das páginas mofadas de um livro guardado, para o roteiro de um documentário da Discovery Channel: “Obras Por Toda Parte”.
A cidade virou um canteiro de obras. Literalmente. A MG-450, por exemplo − aquele tapete esburacado que há 15 anos servia como aula prática de rally − agora está sendo revitalizada com R$ 3,3 milhões em investimentos. Ou seja, o asfalto finalmente vai ser... asfalto. Quem diria?
Na saúde, a construção de UBSs, a nova sede da Secretaria de Saúde e a quase operacionalização da UPA provam que a atual gestão entendeu que cuidar de gente é mais importante do que cuidar da própria vaidade política. E na educação, as novas creches e reformas escolares parecem uma tentativa ousada de... vejam só... cumprir promessas.
Ah, e o Palácio das Águias vai finalmente sair do status de “cenário de filme de assombração” e se tornar centro cultural. É como se a Bela Adormecida do patrimônio histórico tivesse finalmente levado o beijo da gestão competente.
O sarcasmo aqui é inevitável − porque o contraste é gritante. A cidade que antes se arrastava como um zumbi mitológico agora corre como Hermes calçando sandálias aladas. E não se trata de magia. Trata-se de planejamento, execução e, veja só, colocar gente qualificada nos cargos certos. Que ousadia, hein?
Enquanto o governo anterior tentava reinventar a roda (e a enterrava em burocracia), a atual gestão simplesmente resolveu... girá-la. E pasmem: funciona.
Guaxupé, que antes vivia como um personagem secundário numa peça ruim, agora finalmente protagoniza sua própria história. Uma história com menos promessas, mais concreto; menos discursos, mais entrega.
Se a cidade fosse um mito, seria agora a Fênix − ressurgindo das cinzas deixadas por um governo que confundiu poder com protagonismo e esqueceu que a população não é plateia passiva, mas dona do espetáculo.
Agora, resta torcer para que o novo roteiro não só continue, como se consolide. Porque depois de anos sob uma gestão que mais parecia Minotauro devorando o tempo e os sonhos da cidade, Guaxupé merece, enfim, ser guiada por alguém que sabe sair do labirinto
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